The Wicked and The Divine, é uma uma história em quadrinhos que começou a ser publicada pela Image Comics no ano de 2014. A dupla Kieron Gillen (argumento) e Jamie McKelvie (desenhos) – dupla londrina autora de “Phonogram”- atacam novamente, nos trazendo uma HQ cheia de cores, muitas referências a ocultismo e paganismo, sem esquecer a nossa doce e amada cultura pop. É incrível como todos esses elementos quando bem utilizados fazem a coisa fluir com um certo equilíbrio sem deixar cair em ostracismos ou mais dos mesmos, visto que a idéia em si não é lá muito original e já foi bastante utilizada.
O Plot é basicamente o seguinte: de 90 em 90 anos, divindades reencarnam em humanos e vivem durante apenas 2 anos. Dessa vez eles reencarnam em artistas da música pop, cada divindade ligando-se ao estilo musical/artístico referente a sua personalidade. As divindades que compõem esse super grupo de estrelas (risos) são: Amaterasu (Deusa Xintoísta), Baal Hadaad (divindade Semita cananéia), Baphomet (aquela divindade dos templários que a igreja católica associou ao capeta), Innana (deusa suméria), Lucifer (esse aqui tá em todo canto, risos), Minerva (deusa romana), Morrigan (deusa da mitologia irlandesa), Sakmeth (deusa da vingança egípcia), Woden (um dos vários nomes de Odin, que também é conhecido como Wotan), Dionisyus (deus grego), Tara (budista/xintoísta), Urdr (mitologia nórdica) e a única e poderosa Ananke (Deusa Grega).
Laura, que é uma protagonista feminina e negra, ao entrar em uma espécie de transe epifânico em um show da Amaterasu é selecionada por Lúcifer, que dessa vez vem encarnada em uma mulher, “affair” da noite. Logo ela a leva para conhecer o Panteão de perto, grupo a qual todos essas divindades fazem parte e aparentemente se apresentam publicamente como reencarnações de deuses, ao qual Laura é fanática. Esse status de divindades autoproclamadas leva a questionamentos por parte de alguns, como a repórter Cassandra (a personagem trans) que tem uma espécie de dever moral em desmascarar esse grupo de falsos deuses, inclusive quando Laura adentra ao camarim a repórter está lá fazendo perguntas incisivas e esperando respostas contraditórias por parte dos “deuses”. Até ai tudo bem, se não acontecesse um atentado contra as divindades onde homens mascarados tentam matá-las e acabam morrendo com apenas um estralar dos dedos de Lúcifer. A intrépida antagonista vai presa e acusada pelo crime de homicídio e ao tentar provar a implausibilidade da acusação, estrala os dedos para o juiz que acaba explodindo em rede nacional, ao vivo. Ela é instantaneamente acusada e vai presa! Mas a pergunta é: Quem teria cometido esse crime, já que Lúcifer nega até a “morte” sua autoria?! Foi algum dos membros do Panteão ou alguém está por trás disso? Teria sido a própria Lúcifer? Dúvidas, Dúvidas, Dúvidas.
Laura, como fã alucinada do super grupo, assume a responsabilidade das investigações, juntamente com a repórter Cassandra que acaba embarcando nessa “desventura” com o objetivo de desmascarar a farsa. Laura acredita na inocência de Lúcifer achando que mesmo ela sendo quem é, não iria tão longe, afetando a sua breve mas intensa participação na terra enquanto humana. Entre as investigações, as personagens embarcam no submundo londrino, tendo pelo caminho seres nada hospitaleiros, amigáveis e solícitos.
Pontos Positivos: A questão da representatividade, temos personagens femininas, transexuais, héteros, bis, lésbicas, negras, asiáticas, latinas, brancas. Outro ponto relevantíssimo foi a escolha das divindades, que apesar das limitações – as pessoas não conseguem enxergar a África nesse sentido para além do Egito – contempla várias culturas e religiões, quebrando assim alguns estereótipos sobre algumas religiões para além do bloco cristão. As cores, a as cores! Matt Wilson (colorista) nem te conheço mas já te amo. Dependendo da situação elas transitam entre as cores quentes estouradas e psicodélicas as trevas mais emogóticavampirarockeira. E por fim a associação entre divindades e cultura pop: apesar dos pesares a coisa funciona organicamente de uma forma surpreendente. A dica é: atentem para os easter eggs. Vou só citar para aguçar a curiosidade de vocês que alguns personagens foram feitos em homenagem a determinados artistas musicais, mas não vou dizer quem são porque ai perde a graça.
Mas ÍCARO, isso aí tem ponto negativo? TEM SIM! Não é publicado aqui no Brasil, então amiguinho e amiguinha, se você tá cansado do plot super-herói e lê inglês fluentemente, vai que é sua: WicDiv (como é conhecido pelo mundo afora) é um prato cheio. Na verdade, ponham essa hashtag #WicDiv e vejam a abrangência da coisa lá fora. Vamos todos fazer uma petição no Avaaz pra que alguma editora brasileira publique isso, com regularidade faz favor!
informações
Título: The Wicked and The Divine
Autor: Kieron Gillen
Ilustração: Jamie McKelvie
Editora: Image Comics
Classificação:
3 Comments
Beatriz Cavalcante
25/11/2015 at 10:05 pmPoxa, que legal! Não conhecia essa HQ e achei bem interessante. Mas fiquei triste de saber que não tem aqui no BR e meu nível de inglês é tão baixo que eu não conseguiria entender. mimimi 🙁
Gabriel
26/11/2015 at 1:06 pmVocê encontra em pt no hqcomics online
Andréa karla
28/11/2015 at 8:20 pmAdorei a resenha! Não conhecia essa hq mas logo corri para ler e felizmente (meu nível de inglês não é muito bom) tem as hqs em português, só procurar #WicDiv no issuu <3 🙂