O livro que é tão adorado pelos fãs pode ter causado uma grande decepção para a maioria. E eu estou aqui para dissecar ambos, comparando os dois.
Ainda não conhece sobre o que estamos falando? No Brasil o livro foi lançado com o nome O Beijo Das Sombras (você pode conferir nossa resenha aqui), pela Editora Agir. Não fala sobre vampiros que brilham, não fala sobre lobos, não fala sobre casamentos e gravidez… e o foco não é o romance. O foco de toda a saga é a amizade.
No início, são explicados as três raças de vampiros: Dhampir (Guardiões), Moroi (Vampiros do bem), e Strigoi (Vampiros do mal), para simplificar bem as coisas. Tanto o livro quanto o filme são narrados por Rosemarie Hathaway, que é uma guardiã. Ou aprendiz de guardiã, melhor falando. Sua protegida é Lissa Dragomir, uma Moroi. Após um acidente que matou os pais de Lissa e criou uma ligação mental entre guardiã e protegida, as duas fogem da Academia de Vampiros para viver no mundo dos humanos, e são capturadas um ano depois, pelo guardião Dimitri. A história se desenvolve a partir dessa volta para a academia, onde elas viram fofoca, sofrem acusações de alguns colegas, são aterrorizadas por um vilão (não existe história sem um vilão, certo?), e ambas se apaixonam. Agora que vocês já sabem um resumo da história, vamos para o que é importante:
O que teve de bom no filme?
Em primeiro lugar, Zoey Deutch como Rosemarie Hathaway. Após uma análise entre ambos, eu percebi que o humor nos dois meios é o mesmo, só mudam as frases. Zoey trouxe uma Rose engraçada, sarcástica, e extremamente protetora de sua melhor amiga. Em momento algum eu pensei “ela poderia ter atuado melhor” – se existiram problemas, foi com a edição. Sua atuação foi tão incrível que acabou ofuscando Lissa, o que se tornou uma boa coisa (menciono mais sobre isso no próximo tópico).


A atuação masculina no geral: Danila Kozlovsky é o Deus Russo Dimitri Belikov, e não há quem tente me dizer o contrário. Dominic Sherwood também atuou incrivelmente bem, e me surpreendeu nas quinhentas cenas de beijo, por conseguir mostrar toda a admiração que Christian sente por Lissa. E foi impossível não sentir dó de Mason (Cameron Monaghan) todas as vezes que este foi rejeitado.
O que teve de ruim no filme?
A edição. O texto corrido. Pessoas falando rápido demais. É mais fácil achar os erros do que os acertos no filme.
Mas a culpa pode não ser do roteirista ou do diretor: logo após o filme sair nos Estados Unidos, surgiram rumores de que a distribuidora do filme os obrigou a alterar cenas e regravar outras cenas. Quem sabe um dia apareça a versão pré-regravação, e assim saberemos se o filme estava destinado a falhar ou se a culpa foi da produtora.


O filme é totalmente show-off: existem cenas que só faltam esfregarem na tua cara dizendo “isso aconteceu”, não deixando espaço para a reflexão, para a subjetividade. Até porque o filme não deixa tempo para pensamentos. Os próprios personagens falam coisas que estão sutis no livro, como a queda da Rose pelo Dimitri.



Quais as principais diferenças entre o livro e o filme? Arruinaram a adaptação?
É claro, é uma adaptação, não vai ser igual ao livro. Mas existiam coisas que poderiam ter sido trabalhadas de forma diferente. Nenhuma cena foi drasticamente modificada. Eram pequenos detalhes, falas diferentes, e MUITAS inserções de cultura popular – que não faziam conexão com o filme, apenas fazia propaganda para alguns produtos.
A principal diferença é a mudança de ordem das cenas. Não existiu nada que atrapalhasse o acompanhamento, mas tudo existiu em uma sucessão rápida, como ação e reação. Não existiu alguma cena no início que só foi explicada no final, deixando os espectadores ansiosos e esperando por uma resposta, tudo foi explicado no decorrer das cenas.
No livro, Rose ganha um gloss de Dimitri – é claro que isso não ia ter no filme. O que me deixou mais irritada com isso é que a lanterna poderia ter sido um presente do maravilhoso Deus Russo – seria uma forma sutil de perceber o interesse. Mas quem disse que eles curtem sutileza?


Minha opinião final é que a adaptação não foi arruinada. Os pequenos detalhes que adoramos continuam lá, só não estão tanto na superfície quanto gostaríamos. Se o filme não é levado à sério, como se precisasse ser o melhor filme de todos os tempos, mas sim como um filme sobre adolescentes, para adolescentes, e com um grande toque de Hollywood, acaba se tornando um filme muito bom. Bizarro em algumas partes, mas no final das contas, merece algumas risadas.
ficha técnica
Título original: Vampire Academy
Direção: Mark Waters
Elenco: Zoey Deutch, Lucy Fry, Danila Kozlovsky, Dominic Sherwood, Sami Gayle, Cameron Monaghan.
Roteiro: Daniel Waters
Duração: 104 min.
País: EUA
Gênero: Ação, fantasia, comédia.
Trailer: (x)
Classificação:
2 Comments
David Andrade
23/05/2014 at 9:22 pmConcordo plenamente com você Juli. Acho q o povo fala demais. Em termos adaptações não tenho o que dizer e continuo afirmando que ficou muito melhor que Cidade dos Ossos. Mas ai ja citar atuações e parte tecnica, ai sim, podemos reclamar, pq sinceramente, alguns atores foram infelizes em seus personagens. E mais infelizes ainda foram as qualidades de efeito e imagem D: Mas em adaptação, ta show! Acho q eles poderiam arriscar o segundo, só q com melhorias!
blair_boo
23/05/2014 at 9:56 pmO filme mais aguardado pela gente e o que mais rendeu sofrimento por conta dos cancelamentos. /cry
Concordo com todos os pontos que você apontou, mas principalmente com o da Lissa. Não gostei da Lucy desde o começo, e mesmo me obrigando a assistir de ‘cabeça aberta’ não rolou. Achei ela descontextualizada demais.
A questão do humor, as pessoas simplesmente esqueceram que no livro, a Rose é assim também. Acho que os fãs ficaram tão marcados pela dark Rose da metade da série em diante que esqueceram que no início, ela foi uma garota extremamente divertida e sim, adolescente /smile
bjão!