“I’m sorry, I just came by to thank you for wrecking my life!”
Desde sua estréia no mundo cinematográfico, Wes Anderson (“Moonrise Kingdom”, “O Grande Hotel Budapeste”) escreveu e dirigiu poucos filmes, mas todos com algo especial, que conseguem levar as pessoas ao riso ou as lágrimas apenas com seus personagens e situações digamos “excêntricas”.
Três é Demais (ou como prefiro chamar, Rushmore) é o segundo longa da carreira do diretor, que já começa a mostrar sua marca registrada quanto aos recursos visuais característicos de seus filmes, e apresenta a genialidade de Anderson ao escrever roteiros originais com sensibilidade.
O protagonista aqui é Max Fisher (Jason Schwartzman, de “Maria Antonieta”), um garoto de 15 anos que se apaixona por uma professora com o dobro de sua idade. Ao mesmo tempo que a professora atrai Max, ela se envolve com Herman Blume (Bill Murray), um sujeito rico e infeliz, que acaba se identificando com Max pois vê no garoto características dele próprio quando jovem.
Max é o típico personagem que tem tudo para se tornar detestável; só pensa em si próprio, é o pior aluno do colégio e ainda se acha superior aos outros, tem vergonha de seu próprio pai, é totalmente prepotente, mas ainda sim é impossível não torcer por ele no filme. Como um personagem tão falho pode se tornar tão carismático? Talvez seja porque temos um pouco de Max em cada um de nós, afinal quem nunca se sentiu perdido com relação ao amor?
Rushmore, além de ser um dos melhores trabalhos de Wes Anderson, marca o início da parceria entre Wes e os atores Bill Murray e Jason Schwartzman, que depois deste, praticamente estiveram em todos os filmes do diretor.
Jason rouba a cena logo em seu primeiro papel para o cinema; ele tinha um personagem antipático em mãos e conseguiu ressaltar todo o lado negativo, mas ainda assim, impossível de se detestar totalmente. Já Bill Murray é sempre Bill Murray, inclusive, sua atuação como um homem entediado com seu cotidiano e a espera de algo que o faça viver novamente, foi considerada uma de suas melhores interpretações.
Outra coisa que se mostra presente desde o início de sua carreira é sua obsessão pelo enquadramento centralizado e perfeito de cenas que merecem um olhar mais profundo. Além disso, a trilha sonora é composta por clássicos como The Who, The Kinks e até John Lennon, e é meticulosamente inserida ao filme para nos aproximar dos personagens.
Mas o que torna Rushmore tão especial? Rushmore é tocante, mas sem ser sentimental; é engraçado mas não é óbvio; é uma visão sobre o que acontece quando o mundo dos adolescentes colide com o dos adultos, mas tudo isso com uma pitada de humor melancólico que só Wes Anderson sabe fazer.
FICHA TÉCNICA
Título Original: Rushmore
Direção: Wes Anderson
Elenco: Jason Schwartzman, Bill Murray, Olivia Williams, Brian Cox, Luke Wilson, Seymour Cassel
Roteiro: Wes Anderson, Owen Wilson
Duração: 93 min.
País: EUA
Gênero: Comédia, Drama
Trailer: [x]
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