Para começo de conversa, Tabuleiro dos Deuses constrói sua narrativa em um mundo futurístico, devastado anos antes por um vírus que matou metade da população humana. Logo após a chamada Era do Declínio, uma nação constituída pelo atual Canadá e parte dos Estados Unidos foi uma das únicas a se erguer das cinzas. Extremamente desenvolvida, a RANU se firmou na tecnologia, na expansão e no culto a um único deus: ela mesma.
Neste primeiro livro da série que, oh, ninguém sabe quantos volumes terá, Richelle Mead se encarrega de nos introduzir a esse novo mundo que, sim, é riquíssimo. O problema é que ela peca muitas vezes ao nos esconder detalhes, ao agir como se já estivéssemos inteiramente imersos naquele universo desde a primeira página enquanto que em algumas coisas ela bate tanto que chega a ficar um tanto, well, chato.
Não me entendam mal, o livro é bom, sim. O enredo e o universo são tão ricos que você simplesmente não sabe para onde olha, mas é como se os elementos errados tomassem os holofotes enquanto tem coisas muito mais interessantes por aí. Por exemplo, o romance entre os personagens principais. A pretoriana Mae Koskinen e o investigador Justin March não têm nenhuma química e, mesmo assim, o envolvimento deles é empurrado contra nossa garganta. É até frustrante que esse casal tenha vindo da cabeça da mesma escritora que criou Rose Hathaway e Dimitri Belikov.
“Você a reconhecerá por uma coroa de estrelas e flores, então quando leva-la para a cama e possuí-la, jurará sua lealdade a mim.”
Sentimentos sobre Mae/Justin:
A chatice do romance chega a tomar o esforço que Mead devia ter dado ao desenvolvimento do enredo, do mistério que cerca os assassinatos que Justin foi designado a solucionar logo após ser tirado de um exílio de quatro anos. Suspeita-se que tais crimes estejam relacionados a seitas religiosas, as quais são rigorosamente controladas pela RANU. O universo criado pela autora é um que se distancia do divino, mas é constantemente atacado por ele.
E isso devia ser mais desenvolvido, mas, como eu disse, os elementos errados são explorados, deixando até mesmo a narrativa um tanto pobre e, por muitas vezes, me senti sendo feita de boba.
“Homens sábios não precisam de respostas concretas. Por definição, precisam de sabedoria.”
Não sei, mas prefiro a Richelle escrevendo em primeira pessoa. Flui melhor, é mais interessante e bem mais instigante do que jogar toda hora as mesmas informações sobre a tecnologia da RANU e, oh, como Justin e Mae são destinados um ao outro, mas não podem se envolver, pois ambos são peças de um jogo divino perigosíssimo para os humanos. Logo após ler TdD, peguei Lírio Dourado para ler e, olha, senti na pele a mudança.
Sinto como se estivesse socando esse livro infinitas vezes, mas, não, eu não estou. Gostei muito de Tabuleiro dos Deuses e pretendo, sim, ler os próximos. Acredito no potencial que a série tem, pois, como já foi dito, o universo é riquíssimo, os personagens, apesar dos relacionamentos criados do nada e sem nenhuma química, são muito bons e têm a complexidade necessária para explorar um mundo inteiro de possibilidades e perigos, sendo estes divinos ou não.
Sem falar que Leo e Dom são uns amores e eu até que gostei muito da Tessa e da Cynthia. Como sempre, meu coração todo vai para os personagens secundários. Já vi esse filme antes… (Harry Potter, cof cof).
Informações
Título: Tabuleiro dos Deuses (A Era de X #1)
Autor: Richelle Mead
Tradução: Guilherme Miranda
Editora/Selo: Paralela
Nº de Páginas: 424
Edição: 1ª – 2014
Preço: R$39,90
Classificação:
4 Comments
Tarsila Martins
13/03/2014 at 8:42 pmEsse livro parece ser muito bom, mas é muito chato quando não existe uma química entre os personagens, já que o romance é algo que vai acompanhar a série até o final. Gosto muito de livros que falam sobre assassinatos e investigação, uma pena que não ficou tão bem desenvolvido nesse livro. Acho que vou esperar pra ler resenhas sobre os próximos livros da série para decidir se quero mesmo lê-la.
Beijos!
Diego de França
24/03/2014 at 1:30 pmBem interessante o enredo e este mundo que a autora criou, mas os pontos que você abordou realmente parecem ir de encontro ao que a obra poderia ser.
Mas quem sabe eu possa ler este livro futuramente /grin
Michelli Santos Prado
29/03/2014 at 10:05 amAinda não li nada da autora, mas o enredo desse livro é interessante! Acho que nunca li nada assim, fiquei bastante curiosa. Ainda mais por falarem tão bem da autora. A capa é linda, e já inclui ele na lista de desejados!
Beijos?
blair_boo
05/04/2014 at 6:25 pmLi outras resenhas que concordaram com essa tua opinião!
Vou ler também, porque é Richelle, mas vou segurar as expectativas sobre o ship hahaha
Bjss