Ah, a nostalgia…
Popular é a história real de Maya Van Wagenen, que sempre foi uma “perdedora” na escola, zoada por seus colegas e ignorada pelas panelinhas das pessoas legais. Sua vida muda, entretanto, quando ela encontra um livro que ensina adolescentes a conquistar a popularidade… em 1950. Maya então topa o desafio de usar as dicas de Betty Cornell, pronta para descobrir se os passos de 50 anos atrás ainda são relevantes nos dias atuais. E com muitas lições sobre o que realmente importa na vida, a jovem autora leva o leitor até seu mundo numa história cheia de empatia e situações interessantes.
Um pensamento pulsante que se recusava a sair da minha cabeça durante minha experiência com Popular era “Ah, se eu tivesse lido isso com 12 anos!“; teria aprendido a tomar vergonha na cara há muito tempo, aham. Mas que livro fofo, gente. Não-ficção pode não ser particularmente meu tipo favorito de narrativa, mas a história de Maya é tão fascinante, legal e repleta de sentimentos que é difícil não gostar. Seu experimento mostra a coragem da jovem e dá até vontade de fazer o mesmo só para saber se os resultados seriam similares.
Morda sua língua antes de começar um papo nerd sobre O senhor dos anéis com o garoto de quem você gosta. A não ser que ele seja da Terra Média.
E, de verdade, não tem como não terminar Popular sem querer ser amiguinha de Maya. Ela parece ser gente boa, alguém que você gostaria de ter por perto, os traços de sua personalidade escapando através de suas palavras enquanto sua história é contada. A fácil empatia com a autora torna a leitura agradável e rápida, e não demora para engatar e se prender no ótimo senso de humor da moça e em sua jornada em busca do reconhecimento de seus colegas e, acima de tudo, de si mesma. Quem diria que algo escrito há 50 décadas pudesse surtir tanto efeito?
Apesar de narrativa não ser tão imersiva quanto poderia e a escrita deixar a desejar em certas ocasiões, é plausível a quantidade de emoções contidas nas páginas, indo de passagens que me fizeram gargalhar a outras que me arrancaram lágrimas. É necessário enfrentar algumas partes que não acrescentam muito ao livro e uma infinidade de personagens que desaparecem tão repentinamente quanto apareceram (um verdadeiro teste para minha memória terrível), mas vale a pena passar por elas quando temos grandes descobertas cujo catalisador é a simples mudança de hábitos.
No início do mês, sempre que me maquiava, tinha a impressão de estar usando uma máscara. Agora, sinto como se isso fizesse parte de mim. A maquiagem se tornou parte da minha aparência. E não pulo mais para trás sempre que vejo meu reflexo no espelho.
A escola pode ser um lugar cruel, principalmente para quem é jovem demais para entender por completo sua atmosfera. Mas às vezes é possível tornar uma experiência traumática em algo fantástico – assim como Maya. O negócio é mergulhar nas boas e más lembranças dos tempos passados ou se concentrar em mudar os que estão por vir, e esse livro proporciona exatamente isso: gás para se jogar na nostalgia ou vontade de virar o jogo (ou de arrumar uma máquina do tempo, estapear seu eu mais novo e explicar a vida para aquela anta que você já foi um dia).
Popular é um livro que merece ser lido, não importa sua idade, ou, como ele mesmo prova, o ano em que se encontra. É uma delícia testemunhar as descobertas nele contidas, se emocionar e rir com suas situações, querer ter a mesma coragem que Maya, observar o crescimento da garota e chegar às suas próprias conclusões sobre o que realmente significa ser popular. E refletir bastante no significado de ser uma pessoa.
informações
Cortesia para resenha.
Título: Popular
Autor: Maya Van Wagenen
Tradutor: Amanda Orlando
Número de Páginas: 279
Edição: 1ª – 2014
ISBN: 9788525057808
Editora: Globo Livros
Preço: R$29,90
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