Cinema

O Jogo da Imitação (2014)

Até agora não escrevi uma resenha e parei pra pensar sobre como chegamos nesse momento tecnológico que nos permite transmitir opinião, usar códigos e ferramentas de busca que salvam a vida de qualquer pergunta que temos: tudo isso pela criação de um homem que teve sua vida e reconhecimento mundial arruinados por um governo e uma sociedade intolerante.

O Jogo da Imitação conta a história de tal homem, Alan Turing, pioneiro na criação de computadores e matemático que quebrou o código do Enigma, máquina usada pela Alemanha nazista para a troca de informações secretas. Ele e um grupo de outros gênios da matemática, incluindo Joan Clarke (Keira Knightley), ajudaram a dar um fim antecipado à Segunda Guerra Mundial e a salvar milhares de vidas.

O thriller, protagonizado lindamente por Benedict Cumberbatch, é dirigido por Morten Tyldum (Headhunters), um diretor norueguês que conseguiu dar um toque autêntico e diferente em um filme completamente britânico, e agradou o público em inúmeros festivais em 2014. Vencedor do prêmio mais importante no Festival de Toronto (que em 2013 foi dado para 12 Anos de Escravidão), virou um dos favoritos para a Award Season de 2014.

Alan Turing é retratado de uma forma bem fiel ao que foi escrito e falado sobre ele historicamente – um homem genial e diferente, muitas vezes frio mas com a intenção de fazer algo importante e surpreendente, excêntrico, complexo, e às vezes incompreendido pelas pessoas com quem trabalhou, mas no fim ainda um homem apaixonado por um garoto desde a adolescência e lidando com essa perda e o segredo da sua homossexualidade por anos – com flashbacks sobre o início de sua paixão por Christopher e flashfowards sobre as consequências que ele sofreria por ser homosexual na década de 50.

“No one normal could have done that. Do you know, this morning… I was on a train that went through a city that wouldn’t exist if it wasn’t for you. I bought a ticket from a man who would likely be dead if it wasn’t for you. I read up on my work… a whole field of scientific inquiry that only exists because of you. Now, if you wish you could have been normal… I can promise you I do not. The world is an infinitely better place precisely because you weren’t.”

A história é sobre Turing, mas também é dada extrema importância aos outros que participaram na quebra do código em Bletchley Park; personagens diferentes que tem seus próprios segredos e intenções, mas que trabalham pelo mesmo objetivo. Eles tem uma interação engraçada e conflituosa, o choque de personalidades e opiniões entre esse grupo de pessoas é bem interessante, e encaixou perfeitamente com o tom do filme.

Embora chamado de “crowdpleaser” por muitos críticos, isso não deveria ser visto como algo negativo. Uma história tão importante e necessária poderia ser colocada em um filme que não atingisse um grande público? A escolha do roteirista foi adaptar e honrar a história de tal forma que valoriza a intenção inicial do filme: contar sobre a vida de um homem fascinante e importante que quase ninguém ouviu falar. Isso funcionou perfeitamente e criou um belo filme que desfrutou de atuações incríveis e celebrou pessoas reais que não receberam nada em troca após vencerem uma guerra.

Jogo da Imitação é importante, provavelmente o filme mais importante de 2014 ao lado de Selma; a sua relevância social e qualidade de produção fazem uma linda homenagem a Alan Turing e que merece ser vista.

FICHA TÉCNICA


Título Original: The Imitation Game
Direção: Morten Tyldum
Elenco: Benedict Cumberbatch, Keira Knightley, Matthew Goode, Allen Leech, Mark Strong, Matthew Beard, Rory Kinnear
Roteiro: Graham Moore
Duração: 114 min.
País: UK
Gênero: Drama, Biografia, Thriller
Trailer: [x]
Classificação: ★★★★☆

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