Da sessão “nunca julgue um livro só porque a capa é a coisa mais linda do mundo”… Ah, a decepção…
Espiões são figuras fascinantes, isso ninguém pode negar. E o assunto rende bastante, tanto em filmes, séries e livros, e vários tipos de agentes secretos já nos foram apresentados: os da classe “sou badass e as mina pira” (tipo James Bond e Ethan Hunt), “sou badass e tu tá ferrado” (bem representado por Jason Bourne) e o estilo “minha badassery é minha inteligência” (George Smiley é um desses). E é muito interessante assistir as falcatruas que rolam por trás das coisas, e é super daora se divertir com alguns vilões caricatos. Como grande adoradora desse tipo de coisa, posso falar que O Espião foi uma tristeza da minha vida.
O livro, que é a terceira aventura do detetive Isaac Bell (ou seja, já começa errado), se passa em 1908. Em plena corrida armamentista, várias nações mandam espiões para ver como andam as construções de encouraçados e canhões de seus prováveis futuros inimigos. Arthur Langner é um projetista de canhões, e, num belo dia, o cara morre. Convencida de que a morte de seu pai não foi um suicídio, Dorothy Langner recorre à Agência de Detetives Van Dorn, e o dono da agência põe seu melhor homem, Isaac Bell, para investigar o caso. Mas quando outras mortes ocorrem, fica claro que existe alguma cabeça maligna por trás da eliminação de tantas mentes brilhantes.
Então. Pela sinopse dá pra ver que a trama tem um potencial enorme. E eu acreditava piamente nisso. Me lembro de ter visto uma resenha que deu uma estrela pro livro, e não acreditei que pudesse ser tão ruim assim. E não é ruim. É maçante. Só pra vocês terem uma ideia, enrolei mais de um mês na leitura, de tão difícil que era aguentar o excesso de informações ali contido. A narrativa é boa, mas é muita coisa pra lembrar. Sem contar a geografia dos lugares, as descrições das ruas, e, principalmente, a quantidade de detalhes sobre as armas e os couraçados, que são a coisa mais cansativa do mundo. Já é uma época um pouco difícil para criar uma imagem mental, pelo menos pra mim, e eram raríssimas as vezes em que eu realmente conseguia ver o personagem fazendo tal coisa em tal lugar. E, céus, como a leitura se arrastava! Quase chorava só de olhar e realizar que ainda faltavam trocentas páginas pra terminar.
E os detalhes parecem ter sido mal usados. Os caras sabem escrever, isso é fato, e o conhecimento dos autores sobre a geografia e sobre as ruas e sobre a época e os navios é plausível, mas na hora das cenas bacanas, em que uma descrição mais extensa seria ótima… não acontecia. Numa hora o cara perde o olho e é tudo o que acontece. Não sei se sangrou, não sei se o cara gritou, se ele se desesperou, nem nada. Só sei que ele perdeu o olho e ficou por isso mesmo. E quando alguma coisa mais ~de ação acontecia, o que faltava era a emoção, a vontade de terminar de ler aquilo. Não rolava. Dá pra parar tranquilamente no meio de uma sequência de fuga, não tem problema, você nem vai ligar.
“Eu digo com o mesmo orgulho que vou prendê-lo por assassinato…”
O desenvolvimento é outro problema. É leeeeeeeeeento, nada parecido como o livro com muita aventura e muita ação que a editora vendeu. Essa foi também a primeira vez em toda a minha vida de fascinação com espiões e detetives em que eu, na verdade, sabia sobre a trama toda AND sobre o dito cujo espião antes mesmo do cabeça do livro, Isaac Bell, se ligar das coisas. Tá, a narrativa é em várias perspectivas, e o leitor tem um leque maior de informações do que os outros personagens, mas custava enrolar um pouco mais com o mistério? Isso fez falta, a tensão genuína quando existem vários suspeitos e você duvida de todos eles, mas não pode ter certeza de estar certo. CADÊ SHERLOCK HOLMES, BRASIL? CADÊ?
E, pra terminar, os personagens não são grande coisa. Talvez seja porque essa é a terceira parte de uma série de livros, e por isso não se cria um vínculo tão forte com o personagem principal, não sei. De qualquer forma é fácil criar simpatia pelo Isaac, porque ele é bem interessante. E também é fácil cair de amores por Marion Morgan, noiva de Bell, principalmente porque ela lembra muito a Marion Cotillard. <3 De resto, os personagens desapareciam e nem se dava falta deles, quer dizer. O espião, que você já descobre a identidade lá pro meio, é blé DEMAIS, e, apesar de ser mau, não tinha a menor graça. E, cara, quando o vilão da parada te deixa completamente apático… É COMPLICADO.
Se o livro vale a pena? Eu diria que não, mas tem gosto pra tudo. A capa é lindíssima, mas o conteúdo não foi tão animador quanto esperei. Argh, o desenvolvimento foi muito morno, não me apetece. A estrelinha e meia vai pra capa e pela capacidade de escrita dos autores. Só.
(Segundo livro que eu pego pra resenhar e segundo livro que eu não gosto… Sou azarada ou chata mesmo? MISTÉRIOS DA VIDA.)
Informações
Título: O Espião
Autor: Clive Cussler e Justin Scott
Número de Páginas: 416
Edição: 1ª – 2012
Editora: Novo Conceito
Preço: R$ 29,90
Classificação:
11 Comments
Byzinha
20/08/2012 at 2:58 pmEu acho que você ta levando azar, Sammy. Pelo menos você pegou Fault agora <3
Mareska
20/08/2012 at 6:24 pmLivro maçante me dá uma angústia!
Kellen Baesso
20/08/2012 at 8:19 pmNossa, sinto muito pelo seu azar.
Ainda nem peguei ele. Achei que fosse bom, empolgante e que pena que não é. Vai ficar mais um tempo na estante, hehe.
Beijos
thanny
21/08/2012 at 12:25 amPela capa também julguei que esse livro teria muita ação e tals, que decepção. Espero que os próximos livros façam valer a pena o tempo que você perdeu com os ~ruins e ~maçantes.
Francielle Lima
21/08/2012 at 12:34 pm/confuse
Sério mesmo que não é tudo aquilo que falavam?! #xatiada
Essa do perder o olho foi trash, quando a leitura enrola demais em detalhes que poderiam ser passados e peca por falta dos que poderiam ser explorados, a leitura realmente fica cansativa e chata.
Se eu tivesse esse livro eu iria passá-lo na frente de todos só pra ver se eu concordava com a sua opinião /grin
Acho que é azar mesmo…
Você é legal. /blink
A Novo Conceito vai lançar outro da mesma série né?
Breno Rodrigues
21/08/2012 at 12:43 pmNoss! Já tentei ler esse livro, mas achei os primeiros capítulos demasiadamente massantes. Não acreditei que o problema fosse com a obra, achava que EU que não estava em um bom momento. rsrsr… Pelo que li na sua resenha, me enganei. Ainda tentarei lê-lo, espero não me decepcionar tanto quanto você. Mas uma coisa é certa: não morrerei de amores por ele. =/
Ótima resenha.
Abraços 😉
Jeniffer Haddad
21/08/2012 at 1:03 pmEu tenho esse livro aqui em casa, mas ainda não li. Você foi a primeira pessoa que eu vi que fez uma resenha negativa sobre esse livro , vou pensar duas vezes antes de tentar ler. A capa realmente é linda 😀
Ceile
21/08/2012 at 5:12 pmOlha, nunca me empolguei muito com este livro, pois não faz mesmo meu estilo. Mas não imaginava que seria tão ruim assim, até achei que um dia eu poderia lê-lo e e me surpreender com algo diferente do que estou acostumada.
Acho que a capa reflete bem esta coisa de Espião mesmo, quase uma HQ, MAAAAAAAS. Não, não é pra mim (e nem pra vc, por azar ~será)
Beijos!
May
21/08/2012 at 11:32 pmEu lembro que quase abandonei esse livro, mas chegou em um ponto (depois da metade) que me fez gostar um pouco dele, com tanta coisa acontecendo. Não é um livro bom, porém, não é um ruim, na minha opinião…
Beijinhos,
May :*
Ana Death Duarte
22/08/2012 at 12:29 pmVc jah tinha me avisado disso e meu desânimo /cry pra ler esse livro aumentou mais ainda, ainda mais depois de acabar de ler o magnânimo/magnífico/maravilhoso Tão Ontem. /roll /gosh
Camila Costa
26/08/2012 at 3:57 pmeu ACABEI de postar uma resenha desse livro, e sinceramente eu gostei! Concordo que é bem maçante em alguns momentos…. mas eu consegui curtir bastante a leitura!