É, às vezes as pessoas falam sem pensar. No seu caso, isso acontece toda hora.
Tipo 12 Anos de Escravidão, só que pra crianças. Mais ou menos.
Chegamos ao terceiro livro da série e a nova aventura é nos Estados Unidos, em um período, digamos, vergonhoso. O ano é 1850 e a escravidão está a toda: os sulistas lutam por seus “direitos” de possuir pessoas enquanto os nortistas querem condições de trabalho justas para todos. Dak, Sera e Riq precisam, mais uma vez, descobrir qual fratura corrigir, mas no meio do caminho Riq acaba sendo confundido com um escravo e é capturado. Enquanto seus amigos tentam mudar o que está errado e salvarem-no, Riq se encontra em uma situação que não vai mudar o futuro do mundo, mas pode mudar o seu próprio.
O Alçapão conta com uma das melhores características de Infinity Ring: o cenário. O livro aproveita suas situações e o fundo histórico para criar dramas e mostrar o quão horrível foi aquela época – e sendo para crianças, isso é importante, visto que mostra para os mais novos as dificuldades e injustiças da escravidão de uma forma interessante. E até esse ponto na série, o livro de Lisa McMann é o menos infantilizado de todos.
A SQ ainda estava na ativa, mas com um pouco de sorte eles aproveitariam a segunda chance que haviam recebido e realizariam grandes feitos.
Aquela era a melhor característica da história, afinal de contas: a possibilidade de aprender com os erros do passado.
A escrita da autora é boa, não muito detalhada, porém bem usada para desenvolver personagens. Riq tem um crescimento ótimo, e com a trama focada na história de sua família e na existência do garoto, o leitor passa a conhecer o Guardião da História que deixa de ser um simples espertão que vive implicando com Dak para se tornar um indivíduo complicado, até, e com visões interessantes. Seu relacionamento com as pessoas que conhece durante a narrativa é bacana e emocionante.
O que acho complicado nessa série são as decisões feitas pelos protagonistas. Se por um lado é compreensível devido a sua idade, por outro fica aquela questão gigante de: como essas pessoas podem ser tão inteligentes e fazerem coisas tão bestas? Fora que sempre tem uma situação do tipo “hey, vamos salvar o mundo exceto que tem essa coisa aqui que não é parte do plano e que não vai impedir o Cataclismo, mas vou fazê-la de qualquer forma, ok, bjs, tchau”, e, apesar de que no caso desse livro se entende as razões, não deixa de ser um pouco irritante. Quem se importa em ajeitar as coisas para que o mundo não exploda, certo?
Thomas Jefferson também afirmou que todos os homens são criados iguais, e inclusive escreveu isso na Declaração de Independência. Mesmo assim, ele tinha escravos. Isso não me parece lá muito coerente. Tinha um sujeito inglês, um abolicionista da época, que dizia alguma coisa como “não existe nada mais absurdo que um cara importante assinar um documento declarando a igualdade de todos com uma mão, enquanto chicoteia um escravo com a outra.
Dos três primeiros livros, diria que O Alçapão é o melhor. Dak e Sera ficam mais de lado nessa aventura, mas por um bom motivo. O aspecto histórico foi muito bem aproveitado, as conveniências foram fáceis de ignorar, e Riq cresceu bastante na trama. Isso sem comentar que foi interessante o suficiente para que a leitura fosse rápida, o que é sempre bom. Infinity Ring é realmente muito divertido, viu.
informações
Cortesia para resenha.
Título: O Alçapão
Autor: Lisa McMann
Número de Páginas: 224
Edição: 1ª – 2014
ISBN: 9788565765299
Editora: Seguinte
Preço: R$24,90
Classificação:
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