Hoje é dia nacional do livro infantil e a gente abre a pergunta:
É meio triste quando você tem que convencer uma pessoa a ler algum livro extremamente bom só porque ele está na prateleira do infantil. É chato ter que olhar pro cliente com cara de desculpas quando ele descreve o tipo de livro que quer ler e dizer “Tem um super legal, mas é de criança.” já pronto para receber uma careta como resposta.
A triste realidade é que muita gente não aceita ou entende o valor do livro infantil, o que leva outras pessoas a encarar o prazer de ler um (ou vários) livros de criança como um guilty pleasure, quando, bem, não deveria ser.
Entregar um livro interessante e atrativo para a criança nos anos iniciais é essencial para a formação daquele leitor. Mais do que essencial, é bonito. Diferente do que muitos gostam de acreditar, crianças são capazes de assimilar ensinamentos de maneira simples e efetiva e nada é mais divertido do que ver aquele toco de gente correr para a sessão infantil da livraria e pedir algo legal para a/o vendedor/a. Às vezes eles conhecem a livraria tão bem que até já sabem onde encontrar seus livros preferidos.
A literatura infantil mudou muito com o passar dos anos. Já não é tão fácil entregar Beatrix Potter ou o criticado, amado e odiado Monteiro Lobato na mão de crianças de hoje em dia. Caramba, nem adulto mente aberta pega Monteiro Lobato para ler recentemente. O mundo mudou muito e os interesses mudaram junto. Mas o que torna um livro de criança tão especial é o seu poder de ser transmitido por gerações sem nunca perder seu valor. É claro que muitos valores mudaram desde que os primeiros volumes do Sítio do Pica-Pau Amarelo foi lançado, mas você sempre vai encontrar um aprendizado. E você nunca vai conseguir não rir das trapalhadas de Jemima Puddle-Duck, porque por mais que sua linguagem seja requintada para os dias de hoje, ainda é a história sobre a inocência de uma pata que queria sentar em seus ovos só porque sim.
Os livros infantis existem para fazer a imaginação da criança atingir picos de criatividade que são fonte irremediável de diversão. Eles podem ser sobre tudo de mais importante e sobre bobagens sem fim. Eles podem ser um cutucão, um empurrão que faltava para deixar o mundo mais colorido. O que realmente importa é atrair um leitorzinho de maneira tal que ele perceba que livros são amigos não comida.

Entre os livros para crianças maiores também rola preconceito. Suzanne Collins também escreveu Gregor, O Guerreiro da Superfície que é muito, MUITO melhor do que sua série de sucesso Jogos Vorazes. São cinco livros sobre esse garoto de 11 anos que caiu com a irmãzinha mais nova no subterrâneo e se viu sendo o herói que nem sabia que podia ser. Bem escrito, emocionante e apaixonante, qualquer um que der uma chance para esse reconto de Alice no País das Maravilhas vai morrer de amores. Mas pergunta se alguém com mais de 13 anos quer ler sobre as aventuras de um menino de 11? PERGUNTA.
Outros meninos de 11-12 anos que dão o que falar são Artemis Fowl e Liam (de Cósmico). Protagonistas de livros extremamente bons, eles só saem da prateleira da livraria quando o cliente fala “preciso de um livro bom para dar de presente para um menino que gosta de ler e tem 12 anos (ou menos)”. Até mesmo a saga de Como Treinar Seu Dragão só vende para adultos, porque as crianças não realmente querem lê-la, assim como os infantis de John Boyne. Conforme você vai lendo, é fácil ver como o mundo de Philip Pullman é provavelmente muito mais interessante do que clássicos que vemos por aí *cof* Harry Potter *cof*, mas são poucas as pessoas que dão chance para ele.

O último livro que eu comprei – efetivamente comprei, indo na livraria, olhando para ele e passando no leitor de preços para tomar a decisão final – foi um livro de criança. Eu quero ler muitas coisas, muitas mesmo, mas o livro que eu comprei foi um de criança que, inclusive, eu já tinha lido. É um livro tão apaixonante que só a minha empolgação somada à história que ele conta foi suficiente para fazer a Giulia (que de vez em quando dá as caras por aqui) comprar também. No dia seguinte, quando mostrei o livro pra nossa novata Hypia ela disse “Vi em algum lugar que um bom livro de criança é um livro que não ensina apenas às crianças, mas qualquer idade.”
Guilty pleasure ou não, essa é a maior realidade de todas.

Se você comprar pelos links do WT, você vai estar ajudando a manter o site no ar, então muito obrigada! 😀
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5 Comments
O materalizador de ideias, José Jorge Paulo Neto
29/07/2015 at 2:14 pm[…] ser sincera, senti uma grande vibe Onde Vivem os Monstros, que já mencionei antes ser um dos livros mais influentes na literatura infantil, enquanto lia O Materializador de […]
Lilian de Moura
03/03/2017 at 1:17 pmÓtimo artigo, eu incentivo meu pequeno a ler desde de cedo e concordo livros de Monteiro Lobato entre outros ajudam na criatividade da criança.
victor
29/09/2017 at 2:36 pmSeria muito legal se tivessemos mais artigos como o teu incentivando as crianças a lerem, parabéns pela iniciativa.
Byzinha
29/09/2017 at 2:59 pmNão apenas crianças lendo, mas adultos lendo livros “de criança”, que geralmente trazem muitos ensinamentos bacanas. Obrigada pelo comentário 😀
Jonas pires
03/12/2018 at 4:14 pmnossa que demais,gostei do artigo e das informações e conteúdo
que traz para nós,para ficar-mos conectado com essa informação.vou passa essas
informação para meus amigos online.