Literatura

Fome (Gone #2), Michael Grant

Os títulos da série Gone casam perfeitamente com a história dos livros. O que você acha que aconteceu com as crianças em Praia Perdida? Acha que elas pensaram em racionar comida quando todos os maiores de 14 anos desapareceram? É, provavelmente não. E agora, três meses depois da chegada do LGAR (Lugar da Galera da Área Radioativa), restam apenas comidas que ninguém gostaria de comer, mas que com a fome, vira um verdadeiro banquete. Os pequenos na creche ainda têm um pouco de aveia, mas o estoque está acabando. O que Sam, nomeado prefeito da cidade, poderá fazer para resolver esse problema?

Nas proximidades de Praia Perdida existem grandes plantações de repolhos e melões, outras frutas, como laranja, acabaram apodrecendo por não serem colhidas, e pedir ajuda das outras crianças para fazer uma colheita parece uma boa ideia… até um garoto ser completamente devorado por uma ezeca, uma espécie de minhoca do tamanho de uma cobra, com pequenas perninhas para se locomover rápido e vários dentinhos como um tubarão. Se eu fiquei aterrorizada só de imaginar a cena, imagine eles.

As crianças agora sabiam como evitar o puf quando completassem 15 anos, mas diante de todas as circunstâncias, muitas não viam a hora de desaparecer do LGAR.

Diziam que, no momento do puf, você era tentado com a coisa que mais queria. Pela pessoa de quem você mais sentia falta. Se você conseguisse rejeitar essa tentação, ficava no LGAR. Se desistisse… bom, essa era a coisa. Ninguém sabia o que acontecia se você aceitasse.

Fome é um livro que te envolver completamente com a narrativa. Me envolvi tanto a ponto de ficar com a barriga roncando de fome, assustada com formigas e barulhos pela casa. Você fica alerta e sempre imaginando no que faria se estivesse em Praia Perdida.

O pobre Sam está carregando o mundo nas costas. Todos os problemas, desde uma briga boba entre irmão a solucionar o caso da fome, o atormentam todas as noites. E isso está refletindo em seu corpo e suas atitudes, mesmo não querendo, ele e Astrid começam a brigar bastante.

Queria chorar. Era o que queria. Mas ninguém viria lhe dar um tapinha no ombro e dizer que tudo iria ficar bem.

Pelo ponto de vista dos outros personagens, o leitor assimila como a coisa está bastante feia. Principalmente com alguma coisa tremenda que vive dentro de um túnel da mina, que consegue controlar a mente das pessoas e até mesmo dos animais, como os coiotes. E na minha imaginação ela é mais ou menos assim:

– Ele está com fome – disse o Pequeno Pete, agora sussurrando. – Com fome no escuro.

Mesmo assim, muitos tentam pensar no futuro. Numa maneira de fazer as coisas serem o mínimo do normal de novo. Fazer com que as crianças trabalhem, plantem seus alimentos, tenham algo para comprar/trocar coisas, telefone e internet. Pois e se eles ficarem presos no LGAR para sempre? Não há outra forma de fugir da responsabilidade de aprender a se virar sozinho.

Jack podia ver um dia em que Praia Perdida tivesse WiFi. Aí o pessoal poderia criar blogs e bancos de dados, e postar imagens, e talvez ele estabelecesse alguma versão do Myspace ou do Facebook, um site de rede social. E talvez umYoutube, e talvez até umWiki. WikiLGAR.

Um WikiLGAR seria super válido, tendo mutações como gatos super velozes, cobras que voam, gaivotas com garras de raptor, ezeca, morcego azul, coiotes que falam, a Escuridão para se pesquisar. Fora as mutações que as próprias crianças sofriam e tinham como fonte as mãos. Poder de emitir raios, curar, correr rápido, controlar a gravidade, telecinesia, etc.

Agora imagine você vivendo em praia perdida com um monte de mutantes e sendo uma criança sem nenhum poder… o que você acha que aconteceria? Em certo ponto da história, as crianças começam a se dividir em normais e mutantes, uma segregação bastante parecida com a que é retratada em X-Men. E nossa, como isso me irritou. O idiota do Zil, que é apenas um moleque sem ter o que fazer, criou o grupinho da Galera Humana, que faz muitas coisas como xingar, quebrar janelas e criar confusão por causa de uma carne seca desaparecida. Palmas pra ele pfvr esse menino é um verdadeiro herói, só que não.

Este é um mundo novo. Nós temos a chance de fazer dele um mundo melhor. Não precisamos ter algumas controlando tudo. Ele pode ser justo para todos.

Na resenha anterior não mencionei o fato da história ter um certo apelo religioso por parte de alguns personagens, que se apegam a fé na esperança de que as coisas melhorem. Principalmente por causa da Astrid, que apesar de ser uma garota genial, no sentido literal da palavra, acredita fervorosamente em Deus. Ao contrário do Sam.

Se existe um Deus, imagino se está sentado no escuro, na beira da cama dele, imaginando como conseguiu ferrar com tudo.

Gostei bastante da sequência de Gone, principalmente por tudo que senti durante a leitura, mas encontrei pequenas coisas que não condizem com o que já tinha dito e me fez estranhar um pouco. Os novos personagens são bastante legais, e muitos deles nasceram para ser um herói de verdade, mesmo acreditando que não. Outros, por quem eu apenas sentia raiva, tiveram uma evolução impressionante que me fez desgostar menos deles. Mas claro, tem aquele que nuuuuunca irei gostar, que é o Drake (imagino ele como Chris Brown, pra vocês verem como cara é). E daí que tem um monstro com fome no escuro? O verdadeiro vilão é Drake. Ele não é incompreendido, ele é um completo psicopata.

O livro termina e você fica “Que dó, que dó, que dó!”. Vamos ver o que me espera em Mentiras!

Informações

Autor: Michael Grant
Tradução: Alves Calado
Número de Páginas: 532
Edição: 1ª – 2011
Editora: Galera Record
Preço: R$47,90
Classificação: ★★★★☆

 

 

 

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5 Comments

  • Reply
    Byzinha
    01/12/2012 at 10:14 pm

    Uia! Essa série ta me animando, Thanny! Vou pensar nela com mais carinho.

    • Reply
      thanny
      01/12/2012 at 10:16 pm

      Acho que você vai gostar, ein! Tem sangue!!! HAHAHAHA

  • Reply
    Babi Lorentz
    02/12/2012 at 2:52 pm

    Não vou ler a resenha porque ainda preciso ler o primeiro livro, Thanny 🙁
    Beijos.

  • Reply
    Mareska
    02/12/2012 at 6:30 pm

    Agora fiquei ainda mais curiosa pra ler!

  • Reply
    Ane Reis
    02/12/2012 at 11:30 pm

    Oie Thanny!

    Confesso que não tenho muita vontade de ler está série, mas adorei a sua resenha!

    Quem sabe um dia eu ainda acabe me rendendo e lendo os livros /blink

    bjus;***

    anereis.
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