Entrevista

Entrevistas Nacionais #4: Marcelo Amaral

Por Thanny, Jubs e Steh

E para encerrar o nosso especial de Entrevistas Nacionais, convidamos Marcelo Amaral – autor de Palladinum: Pesadelo Perpétuo (resenha aqui) e A Máquina Antibullying – para contar um pouco mais sobre o processo de escrita e publicação de um livro, também pedimos algumas dicas e curiosidades, se você ainda não conhece esse simpático autor, chega mais!

marcelo amaral

1) Como você soube que realmente queria ser escritor? E como você divide seu tempo em relação ao trabalho como designer gráfico?

Desde garoto eu sempre gostei de criar histórias, principalmente quadrinhos. Escrevia uma coisa aqui e outra ali, mas não tinha método algum, era tudo “achismo” e, por isso, quase tudo ficava pela metade. Com o tempo procurei cursos, e a vontade de contar minhas histórias se concretizou. Mas acho que eu só soube mesmo que queria ser escritor quando estava com o manuscrito de Palladinum finalizado. Desde então tem sido um prazer enorme viver essa jornada dupla entre o trabalho com design – que eu adoro – e a escrita. A maior parte do meu dia eu passo no escritório, mas a turma da Página Pirata fica só me esperando em casa, doida pra virar “realidade” nos livros e nas tirinhas.

2) Você escreve histórias para o público infanto-juvenil, essa foi uma decisão natural durante o processo de escrita ou você tem muuuuitas lembranças boas de sua infância que servem de inspiração?

Eu acho que foi um processo natural devido à minha identificação com esse público. Gosto muito de ler livros infantojuvenis e, durante a leitura, busco estudar o estilo de escrita de cada autor e aprender com gênios como Pedro Bandeira, João Carlos Marinho, Lygia Bojunga, entre outros.

É claro também que as boas (e as más) lembranças da infância contribuem para as minhas histórias. Tudo serve de inspiração: as brincadeiras, os amigos, a escola, os passeios, os filmes… E até o bullying, tema que abordei de maneira divertida em meu último livro, “A Máquina Antibullying”.

3) O fato de também ser ilustrador ajudou no processo criativo de suas histórias?

Nossa, ajudou muito! Eu adoro desenhar meus personagens e cenários enquanto estou desenvolvendo a história, pois isso me ajuda a perceber o que funciona e o que não funciona. Algumas dessas artes podem até ir parar no livro, mas a maioria vai para o site, ou para a fan page, Instagram… É muito bacana soltar essas imagens de vez em quando nas redes sociais e ver a reação das pessoas.

 

4) Conte-nos sobre o processo de publicação de seu primeiro livro, Palladinum – Pesadelo Perpétuo, você enfrentou muitas dificuldades para encontrar uma editora (ou uma editora te encontrar)?

Tentei algumas editoras até encontrar a Vermelho Marinho, que na época oferecia um modelo de parceria no qual os custos de publicação eram divididos com o autor, para testar a aceitação do livro e do autor estreante. A primeira tiragem de Palladinum foi publicada assim, mas o sucesso do livro rendeu novas tiragens bancadas pela editora. Acabei me tornando um autor da casa; meu segundo livro, A Máquina Antibullying, foi todo bancado pela editora.

5) Estamos curiosas sobre a criação dos personagens, você se baseia em alguém? Já homenageou outro personagem fictício ou alguém importante para você?

Adoro criar personagens, inventar nomes, conferir personalidade e dar vida a eles. No caso da turma da Página Pirata, alguns são inspirados em mim mesmo – principalmente Pastilha e Piolho – e outros em pessoas que conheci. Já os professores da escola eu confesso que são mesmo inspirados em professores que eu tive – até a megera da Prof.ª Lurdes, que aparece pouco em Palladinum, mas que em A Máquina Antibullying inferniza a vida da turma.

Muitos dos personagens da parte “fantasia” de Palladinum foram inspirados em referências de livros, desenhos, filmes e até jogos. Mas creio que a maior homenagem mesmo são Saghata e Penélope, pois amo os animais e queria muito ter uma gata e uma cadela nessa aventura.

6) Qual é a melhor coisa de ter um livro publicado? Você pode compartilhar um top dos seus 3 melhores momentos?

A melhor coisa, com certeza, é o retorno positivo dos leitores. É incrível receber mensagens, e-mails e até cartinhas com desenhos, fotos e elogios ao universo que você criou. Mas vamos lá ao Top 3:

– Receber cartinhas com fotos de leitores e desenhos inspirados em “A Máquina Antibullying”. Ficamos eu e minha esposa lendo as cartas emocionados e rindo muito com os desenhos. É sempre muito emocionante! Tem tudo lá na fan page da Turma da Página Pirata para quem quiser ver.

– Lançamento de Palladinum na Bienal de SP – passei dois finais de semana autografando e foi incrível. Teve gente voltando no segundo final de semana só pra me contar que já tinha devorado o livro! Fiquei muito feliz.

– Clube do Livro Saraiva no Rio de Janeiro no mês seguinte ao lançamento de Palladinum – minha primeira participação em um evento literário já foi logo uma prova de fogo: a moderadora (Frini Georgakopoulos) me convidou para falar ao lado de Raphael Draccon e Luis Eduardo Matta. O evento estava lotado e eu nervosíssimo, desconhecido, ao lado de duas feras que eu admirava. No fim deu tudo certo: o público foi super receptivo, os dois autores me ajudaram muito durante o evento e se tornaram grandes amigos meus. Posso dizer que essa foi uma das experiências mais incríveis da minha vida.

7) Desistir não deve fazer parte do vocabulário de um escritor. Qual foi a mensagem motivacional que fez toda a diferença durante a produção do seu primeiro livro?

Em 2010 Palladinum estava escrito e guardado dentro de uma gaveta e eu me perguntava se deveria publicá-lo ou não. Eu não sabia nada sobre o mercado editorial, nem por onde começar e sentia que ainda faltava algo na história. Então fiz o curso de Estrutura Literária com o autor Eduardo Spohr, que escreveu o best seller “A Batalha do Apocalipse”. Foi lá que eu conheci o conceito do monomito e a “Jornada do Herói”, o que me permitiu encontrar os pontos que precisavam ser melhorados na minha história. O Spohr é um grande professor e me ajudou muito no processo. Mas teve uma frase dele no curso, em especial, que me marcou muito e a que mais me motivou: “Um livro só começa a ser escrito quando ele é reescrito.” E dois anos depois Palladinum estava sendo publicado.

8) Qual é seu autor(a) favorito(a)? Ele(a) te inspira de alguma forma?

É MUITO difícil listar apenas um autor favorito, então eu fico dividido entre Michael Crichton (Parque dos Dinossauros, Esfera, Next etc) e J.K. Rowling. Os dois me inspiraram a querer contar minhas próprias histórias, mas tenho uma admiração especial pela J.K. pelo feito incrível que foi o de fazer milhões de crianças pelo mundo inteiro desejarem ler livros enormes e ainda pedirem mais. Existe a literatura infantojuvenil antes e depois de Harry Potter. O espaço que ela abriu para o gênero é um feito e tanto!

9) Se você só pudesse escolher UM filme e UMA série para indicar aos nossos leitores, quais seriam?

Essas escolhas são sempre TÃO difíceis! rsrsrs
Bom, para quem pensa em escrever fantasia pra jovens eu indico o filme “A História Sem Fim”, que me ensinou muito sobre a criação de mundos e seres fantásticos. Recomendo principalmente a leitura do livro, pois ele vai muito além do que é contado no filme.

Não sou muito de acompanhar séries, mas ando completamente surtado com Game of Thrones e The Walking Dead. Recomendo ambas fortemente, mas definitivamente elas não são para crianças! rsrsrs

10) Você tem algum projeto em mãos? Pode nos contar um pouco sobre ele para dar um gostinho?

Sim, vários projetos! =) Atualmente tenho publicado as tirinhas da Turma da Página Pirata lá na fan page e no Tumblr. Terminei de escrever o próximo livro da coleção Turma da Página Pirata e no momento estou trabalhando nas ilustrações. Em breve eu e a editora faremos a divulgação do título, capa e sinopse. Ao mesmo tempo estou trabalhando na sequência de Palladinum, que ainda vai levar um tempo para ficar pronta.

Se quiser acompanhar o trabalho do Marcelo, não deixe de segui-lo nas redes sociais, e participe do nosso Concurso Cultural para ganhar A Máquina Antibullying e vários outros livros nacionais!

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3 Comments

  • Reply
    Victória Santana
    30/04/2014 at 9:40 pm

    Não tem como não querer ler o livro dele depois dessa entrevista! Me ajudou muito bem em aumentar a confiança em me tornar uma escritora. Adorei a entrevista!

  • Reply
    Byzinha
    30/04/2014 at 10:01 pm

    Cara, o Marcelo é muito amor sempre! Ele convenceu Thanny e eu a levar Palladinum e A Invenção de Nicolas sem nem mesmo precisar falar “leva, porque fui eu que escrevi”. A gente dó ficou sabendo que o livro era dele quase que quando estávamos pagando, né Thanny? Ele é super simpático e ficamos muito contentes em ter parado no estande da Vermelho Marinho na bienal de 2012.

  • Reply
    Marcelo Amaral
    01/05/2014 at 12:05 pm

    Adorei ter dado essa entrevista, pessoal! E foi um prazer enorme receber vocês e tantos outros leitores lá no nosso estande na Bienal! =D Fico feliz também que minha história sirva para incentivar outras pessoas a se lançarem como escritores. Desejo muito sucesso a todos!
    Abraços!

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