Cry Baby (1990)

Quando se pensa em Johnny Depp em personagens estranhos, no início dos anos 90, com um diretor meio freak, é fácil vir a cabeça os tão conhecidos Edward Scissorhands e Tim Burton. Porém, há outro diretor bastante diferente, que também entra na jogada com as mesmas características. Esse é John Waters, conhecido como “o papa do trash”, onde faz filmes geralmente cults e transgressivos. Cry Baby, de 1990, é um deles.

Construído praticamente como uma sátira a “Grease”, Cry Baby traz Johnny Depp no papel principal de mesmo nome, mostrando, na cidade de Baltimore, Maryland, a disputa entre os “Caretas” e os “Farrapos”, gangue de delinquentes juvenis, que Cry Baby é líder. Retratando de forma divertida e musical as diferenças entre os dois grupos, os Caretas gostam de baladas suaves, sentimentais, estilo doo wop, e que eram bastante populares entre a classe média dos anos 40/50. Já os Farrapos, trazem toda a ousadia, desafiando a sociedade com suas musicas “negra”, o R&B e o Rockabilly. Um início de rock’n’roll.

Depp é o lider de um grupo, digamos, diferente. Os seus amigos são bizarros e transgressores, cada qual a seu jeito. Cry Baby é chamado assim, devido a sua peculiaridade de chorar apenas uma lágrima, em apenas um olho. Todos o conhecem, e todos o temem. A história cai num certo clichê romântico de Romeu e Julieta quando Cry Baby se apaixona pela namorada do líder dos caretas, Allison. A boa garota está cansada dessa vida de boazinha, e corresponde a paixão. Isso gera uma confusão na cidade, que faz com que Cry Baby, delinquente juvenil, vá parar na cadeia, e sua amada e seus amigos fiquem a fazer de tudo para liberta-lo.

Recheado de humor, e com o toque escrachado e até bizarro de John Waters, o filme é de uma leveza e comédia impar. A trilha sonora é, em minha opinião, o ponto mais alto do filme, com musicas que grudam e que lhe fazem ter vontade de ouvir toda hora e cantar junto. A fotografia também chama atenção, principalmente porque tudo, desde figurino até ambientes, conspira para declarar ainda mais a diferença entre os dois grupos.

Outras curiosidades, relacionadas ao estilo de trabalho do diretor, é que uma das personagens destaque do filme, Wanda, uma das garotas “Farrapo”, é interpretada por Traci Lords, atriz que havia ficado famosa com filmes pornôs. Era a assinatura dele, trabalhar com criminosos convictos, e com pessoas infames, chocando a todos. Em Cry Baby também podemos ver um irreconhecível Iggy Pop, num personagem cômico, tio de Depp. Pare pra pensar, em que outro filme se pode ter a ideia de um Iggy Pop pelado, tomando um banho de bacia? Outro destaque com certeza vai ao elenco infantil. As crianças do filme realmente chamam atenção, como delinquentes infantis, digamos.

Enfim, Cry Baby é um filme leve, pra se assistir nesse climinha de inverno e férias, aproveitando o tempo livre. Diversão garantida. E outra, se a ideia de um Johnny Depp, novinho e em sua melhor forma, de jaqueta de couro, andando de moto e tocando guitarra, ainda não lhe convence, acho bom rever um pouco suas prioridades!

Ficha Técnica

 

Diretor: John Waters
Elenco: Johnny Depp, Amy Locane, Traci Lords, Iggy Pop, Susan Tyrrell, Kim McGuire, Ricki Lake
Produção: Jim Abrahams, Pat Moran, Rachel Talalay
Roteiro: John Waters
Duração: 85 minutos
Ano: 1990
País: Estados Unidos
Gênero: Comédia/Musical/Romance
Trailer: (x)
Classificação: