Coluna

Criaturas Sobrenaturais da Semana #1

Com mitologias, lendas e crenças pelo mundo todo o que não falta nos imaginários são pontos assustadores, seja com cantigas de ninar que na verdade são ~~estranhas, contos sobre pessoas bizarras que tem um intuito de assustar crianças para fazê-las se comportar, histórias de rodas de conversa ou lendas urbanas, é um fato que sempre vamos encontrar algo bizarro. Criaturas sobrenaturais e geralmente assustadoras não faltam ao redor do mundo, então, aproveitando o mês do terror, nada melhor do que conhecer algumas dessas criaturas deus-me-dibre do mundo, certo? Então bora lá!

 

VAMPIRO

Vampiros são clássicos, não é mesmo? De Nosferatu, Crepúsculo, Blade, Entrevista com Vampiro e mais os inúmeros filmes e histórias com esse ser das trevas de presas grandes, os vampiros fazem parte do imaginário mundial.

Focando mais no lado mitológico do nosso querido Drácula e seus amigos, existem registros de criaturas vampirescas desde a pré-história! Afinal, o termo vampiro, em si, passou a ser utilizado e a ser mais popular no século 19, graças as fortes histórias e lendas que circundavam a Europa na época, inspiradas principalmente pelo folclore dos Balcãs e as lendas do leste europeu.

Destas, provavelmente a mais famosa lenda sobre vampiros tinha uma variação em seu nome, e era nada menos que a história dos Strigoi, na Romênia. Para os romenos, os Strigoi eram espíritos dos mortos que voltavam, embora alguns eram pessoas “vivas” e que possuíam habilidades mágicas como transformar-se em animais, invisibilidade, e a capacidade de retirar a vitalidade das pessoas através da perda de sangue. Pareceu um pouquinho familiar agora? Pois bem, os Strigoi foram uma das inspirações do nosso querido Bram Stoker.

Mesmo tendo sido inspirado por lendas como a dos Strigoi e por o livro O Vampiro, de John Polidori, foi Drácula de Bram Stoker quem criou esse arquétipo e gênero de vampiro que temos hoje. Então, bem, se hoje você espera que vampiros te mordam, a culpa é do Sr. Stoker. É válido dizer que, sem a obra de Stoker, provavelmente não conheceríamos os vampiros como os conhecemos hoje.

Porém, voltando para as lendas ao redor do mundo sobre nossas criaturas chupadoras de sangue favoritas, quando digo que desde sempre existiam inúmeras maneiras de se retratar um vampiro, isso não é mentira. Os strigoi talvez sejam o que mais se assemelham com o vampiro bonitinho que temos hoje, porém as lendas vão desde corpos em estados avançados de decomposição, espécies de morto-vivos-fantasmas, corpóreos ou espirituais e que até conseguem separar partes dos seus corpos para que consigam ter o sangue que precisam.

Sendo assim, uma rápida nomeação de alguns dos vampiros pelo mundo não custa nada. Comecemos então pela própria Europa, onde encontramos as Lâmias e os Vrykolakas na Grécia e os Shtriga, na Albânia. Indo para o continente asiático, encontramos algumas lendas de vampiros que são semelhantes aos Ghouls. A Índia nos traz o bizarro Vetala, o Japão tem o Nukebuki; as Filipinas e seus povos nos trazem o Mandurugo e o Manananggal que são assustadores; os Penanggalan assombram a Malásia, enquanto os Leyak, na Indonésia fazem o mesmo serviço. Já na antiga China, os Jiang Shi são os responsáveis pelo vampirismo do país.

Pela África existem lendas que são semelhantes e com características de vampiros, como os Asanbosam, do povo Axânti, que possuem dentes de ferro e os Adze do povo Ewés. Em Madagascar, temos o Doramanga. Existem também os dragões chupasangue em Moçambique.

Por último mas não menos importante, os vampiros nas Américas podem ser iguais aos europeus que já conhecemos, porém também temos os Loogaroo, que são a lenda pelas Ilhas do Caribe e até em alguns estados do Estados Unidos. Em Trinidad, a maior ilha de Trinidad e Tobago, existe a Soucouyant, que de certa forma é similar com alguns monstros do folclore colombiano. No Chile, o povo Mapuche trás a lenda da Piuchén, nada mais que uma cobra gigante sugadora de sangue. Voltando um pouco no tempo, criaturas vampirescas também existem na mitologia asteca, que são os Cihuateteo.

Bom, depois desse textão todo pra falar sobre vampiros pelo mundo, fica ai a pergunta para vocês: real ou não, minha gente?

 

NUCKELAVEE

Representação de um Nuckelavee no episódio 4×12 de RWBY

Depois de duas criaturas até que gracinhas na lista chegou a hora de ficar um pouco (muito no caso) mais feio, oops. Então já vamos direto para um demônio nada bonitinho.

Chamado de Nuckelavee, essa mistura de humano com cavalo e bem longe de um centauro é um demônio vindo do folclore orcadiano, das Ilhas Órcades, que ficam ao norte da Escócia. É sem sombra de dúvidas o treco mais horrível do folclore escocês e principalmente das próprias Ilhas Órcades. Segundo algumas pessoas, seu nome significa Diabo do Mar, uma vez que é onde o demônio reside.

O Nuckelavee é descrito como um monstro horrendo, que possuía um torso de homem ligado ao dorso de um cavalo, sem pelos e em carne viva, com veias amarelas pulsando o sangue negro que percorria seu corpo. O torso de homem não possuía pernas, uma vez que é ligado ao dorso do cavalo, porém seus braços eram longos o bastante para tocar o chão. Ele tem duas cabeças, a de humano e a de cavalo, e esta tinha uma boca enorme que exalava tóxicos e fedor macabro.

Representação de um Nuckelavee na série Grimm, episódio 2×04

Ele mora no mar, e costuma sair para a terra com fins destrutivos e assustadores em tempestades marinhas e ondas fortes. As pessoas das proximidades nunca pronunciam o seu nome sem fazer uma oração logo após. De acordo com as histórias, o bafo do Nuckelavee pode causar desgraças em fazendas, murchando toda a colheita e espalhando pestilência nos animais, fazendo criações de gado e ovelhas adoecerem e morrerem. O Nuckelavee também pode trazer secas e epidemias.

Porém, felizmente ainda podemos escapar desse filhote de cruz credo. De acordo com as histórias, o Nuckelavee não sai do mar se estiver chovendo e não pode atravessar rios ou ter contato com qualquer outro tipo de água que não seja do mar. Para sobreviver a um avistamento do Nuckelavee deve se atravessar um riacho, onde o demônio não possa passar.

Então, se você um dia for viajar para as lindas Ilhas Órcades, lembrem-se de esperar chuva ou leve algo com água doce, porque vai que né.

 

LA LLORONA

Se você está pensando em Coco/Viva – A Vida É Uma Festa!, podemos dizer que não é exatamente assim. A história da La Llorona já é uma lenda mais conhecida, não só por nós, mas por mais lugares do mundo. Também conhecida como A Chorona ou Bela da Meia-Noite, La Llorona é uma das maiores lendas do México, que possui variações nos outros países em que existe.

A história mexicana diz que uma moça chamada Maria viveu em uma antiga vila no século 18. Famosa por sua beleza estonteante, a garota casou-se com um fazendeiro rico que havia recém-chegado à vila. Pela diferença de classes sociais, a família do rapaz não gostou muito da união, o que ajudou a gerar o fim desastroso do casamento dos dois. Maria deus a luz à duas crianças, e pouco depois foi abandonada pelo marido, que foi procurar uma mulher de sua própria classe social. Com raiva, Maria matou seus dois filhos os afogando no rio. Quando percebeu o que fez, Maria desesperou-se e correu pelas ruas chamando por seus filhos. Ao anoitecer, arrependida do que fez, ela foi até a margem do rio, onde chorou até que cometeu suicídio, se afogando também.

Daí o nome Chorona, pois o espírito de Mario continua pelas margens do Rio e pelas ruas chorando e chamando por seus filhos. As aparições da Chorona são descritas como o espectro de uma mulher vestida de branco e longos cabelos escuros. De acordo com as histórias dos moradores da Cidade do México, lá do século 16, durante as aparições da La Llorona, as pessoas viam algo que parecia com uma mulher, vestida de branco e com um véu cobrindo seu rosto, que percorria a cidade em todas as direções, parando sempre na Plaza Mayor, onde ajoelhava-se e depois voltava para sua ronda, até que desaparecia nas margens do lago Texcoco.

Representação de La Llorona na série Grimm

Existem algumas variações da história da La Llorona, como lugares que dizem que seus filhos na verdade foram mortos por outras pessoas, como a família de seu marido. No Chile, por exemplo, essa é a história seguida, além de existir a história de que a Llorona é vista sempre que alguém morre. Também existem variações que dizem que a Chorona rouba crianças da cidade e as afoga no rio, tentando trazer seus filhos de volta.

No Brasil também existe uma história sobre La Llorona, que é de onde o nome de A Bela da Meia-Noite surgiu. Um fato curioso sobre a história da Chorona é que, assim como temos uma brincadeira com a loira do banheiro, as crianças mexicanas brincam de esconde-esconde versão macabra, onde um deles finge ser La Llorona e fica gritando “onde estão meus filhos?” para quem se escondeu. Deus me livre.

 

CORPO SECO

Pensou que não teria nenhum bicho bizarro brasileiro por aqui? Pensou errado, meu chapa! A lenda do Corpo Seco é provavelmente conhecida por boa parte do território brasileiro, principalmente nos estados de São Paulo e Minas Gerais.

De acordo com a história, o Corpo-seco era um homem extremamente cruel que maltratava e batia em seus próprios pais. Com isso, quando finalmente morreu, nem o céu e nem o inferno o aceitaram, assim como a terra em que fora enterrado. Expulso, então, seu corpo em decomposição teve que sair do túmulo, tornando-se assim uma alma penada que assombra estradas e matas. O Corpo-seco consegue grudar em árvores, mas faz com que estas sequem imediatamente.

Como assombra as estradas à noite, alguns dizem que é possível ainda ouvir gritos da criatura pela mata.

Alguns ainda dizem que o Corpo-seco era um homem chamado Zé Maximiano, morador da região da Serra da Mantiqueira, conhecido por bater no pai e na mãe. Em Minas Gerais há uma variação da lenda onde o Corpo-Seco, depois de ser repelido pela terra várias vezes, é levado por bombeiros à uma aparente caverna em uma serra que fica ao sul do estado. Dizem que quem passa à noite pela estrada de terra que margeia a “serra do Corpo-Seco “, consegue ouvir os gritos do Corpo-Seco ecoando de dentro da caverna. Nesta versão a mãe o amaldiçoa antes de morrer, por ter sido usada como cavalo pelo filho.

 

BAL-BAL

bal bal by emeraldfury on devianart (x)

Juro pra vocês que essa foi a imagem mais bonitinha que tinha desse bicho no Google. A mais comum é essa aqui, mas já avisando que Bal-Bal é feio pacas. P a c a s. Mas enfim, a falta de ser minimamente apresentável a parte, vamos agora para uma criatura bizarra das Filipinas!

O Bal-Bal é um monstro filipino que se alimenta à base de mortos. Isso mesmo. Mortos. De acordo com a lenda, esse ser age durante a noite, entrando em catacumbas, e às vezes até funerais, para roubar e devorar os corpos dos mortos. A lenda também diz que o Bal-Bal coloca um tronco de bananeira no caixão para fazer parecer que o cadáver do falecido continua lá. Ou seja, além de nojento é um pilantra o bonitinho q.

Por possuir um olfato melhor do que o dos cães, ele consegue sentir o cheiro de um morto a distância. Além disso, seu hálito é podre. Pelo o que a lenda fala, Bal-Bal parece com um pássaro noturno, que possui um canto muito distinto e que pode ser ouvido muito bem na calada da noite.

Para tribo Tigbabau, das Filipinas, o Bal-Aal pode assumir a forma humana, com língua de réptil e unhas monstruosas. Eles voam e pousam na casa das pessoas em que alguém morreu, retirando pedaços do teto com as garras e usando suas línguas para “lamber” ou roubar os cadáveres. Algumas pessoas dizem também que o monstro possui o poder de hipnotizar os parentes e amigos que estão em um funeral, pois só assim podem desfrutar de uma bela refeição

Antigamente, o povo filipino costumava cantar e gritar em enterros para afastar os Bal-bals e evitar que eles roubassem seus amados. Partiu bater panela pra manter essas coisa longe sim, minha gente.

 

BABA YAGA

Saindo das terras filipinas com seu comedor de cadáver, vamos até as terras russas para ver uma figura até que conhecida da mitologia eslava: a Baba Yaga.

De acordo com as histórias, a Baba Yaga é um ser sobrenatural que tem a aparência de uma mulher deformada e feroz, que voava pelos céus e que nunca deixava rastros, pois ela os apagava com sua vassoura. Dizem que ela mora no interior de uma floresta, numa casa apoiada sobre pés de galinha e possui uma fechadura que é, nada mais nada menos, que uma boca cheia de dentes.

De acordo com as histórias, a Baba Yaga pode ajudar ou dificultar aqueles que a encontram ou a procuram. E é aqui que reside o grande ponto sobre a Baba Yaga: sua ambiguidade.

Mesmo com o passar dos anos e com a grande quantidade de assombração associada à ela, a figura da Baba Yaga continua com certo teor mitológico de respeito e até enigmático, como um espírito da floresta. A lenda mais conhecida é de que Baba Yaga é uma bruxa maléfica, que devora as pessoas perdidas na floresta. Mas que também pode ser maternal e associada com a vida selvagem da floresta. Em alguns contos, a Baba é tida como a que auxilia os heróis que passam por sua floresta, assim como também pode ser dada como vilã.

A figura da Baba Yaga, em si, é uma bruxa poderosa. Seu legado é intacto na mitologia eslava sendo a mais temida e poderosa bruxa, mesmo com suas diferenças entre contos e até de sua concepção. Mas, bem, a gente ainda pode evitar entrar em florestas russas sinistras, nao é mesmo?

 

Eai galera, o que acharam da lista? Nos vemos na semana que vem com mais seres estranhos desse mundão! Bons sustos.

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