Cinema

Clube de Compras Dallas (2013)

Existe um hall de filmes baseados em eventos reais que contam com elementos simplesmente maravilhosos, mas que te deixam com o pé atrás e/ou te causam uma ideia completamente diferente da que expõe.  E este é o caso de Clube de Compras Dallas, senhoras e senhores. Afinal quem poderia esperar um resultado tão fantástico como esse no tempo em que saíram as primeiras imagens de Matthew McConaughey e Jared Leto no set de filmagens, hm?

Escrita por Craig Borten e Melisa Wallack, a história gira em torno de Ron Woodroof (Matthew McConaughey, Magic Mike), um cowboy eletricista, texano, machista e homofóbico, que se recusa a acreditar que está infectado com o vírus do HIV, na época considerada a “doença gay”. Quando a ficha finalmente cai e seus 30 dias de vida diagnosticados começam a correr, Ron luta com unhas e dentes por sua vida. A década de 1980 era precária no tratamento de aidéticos e o remédio mais famoso, o AZT, ainda passava por uma severa fase de testes, fazendo-o ficar praticamente inútil. Ron então, desesperado, entra no caminho da mistura de remédios, os famosos “coquetéis”, e do tráfico, já que as substâncias eram taxadas como ilegais nos Estados Unidos. Nesse caminho ele conhece Rayon (Jared Leto, Mr.Nobody), uma transexual também portadora do vírus HIV, com quem abre o Clube de Compras Dallas, onde os aidéticos interessados nos coquetéis compram, não só os medicamentos que lhes permitem uma vida sem muitas contraindicações, mas também a esperança de continuar vivendo. E arranjam uns probleminhas com as instituições médicas e jurídicas.

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Aqui eu vou separar os comentários, começando pela parte principal do filme, que chama tanto a atenção e encanta de tal maneira que a palavra “defeitos” parece simplesmente não existir. As atuações.

Moço Matthew parece que finalmente acordou para a vida e aprendeu a atuar, (mentira, ele sempre foi amorzinho e estava A+ em Magic Mike, if you know what I mean), e este pode ser considerado sem sombra de dúvidas o papel de sua vida. Durante todo o filme você vê a mudança do personagem com uma consistência tão magnífica, tão… real. Palpável. Incrível. A transformação física é algo apenas superficial comparada a vida que ele trouxe para o personagem, cuja luta interna e externa por si só já é emocionante. Ron é construído e depois desconstruído, de acordo com o avanço da doença e todos os seus outros problemas, de uma maneira delineada, que faz com que no final você fique torcendo por ele. E você torce, viu.

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E eu deveria pular essa parte porque eu sempre fui tiete do moço Jared Leto, porém não vou e é isso que tiete faz: Tieta. E O QUE É JARED LETO NESTE FILME MEU DEUS? Não teve uma atuação notável em comparação com Matthew, mas a vida que este moço deu a Rayon é simplesmente uma das coisas mais perfeitas da vida, do século, da história do cinema e tudo o mais (talvez nem tanto assim para as outras pessoas, but then, estou tietando então shiu). E o que dizer de Rayon? Uma 8 ou 80. A maioria dos momentos de descontração acontece graças a ela e, céus, como não amar essa criatura? É debochada e delicada, dona dos dois extremos. E melancólica. E talvez isso seja o que me fez gostar tanto dessa personagem, a linha não tão tênue entre sua espontaneidade e a melancolia. A vida que quer e que sabe que não vai ter. O conforto e o pesar. A irreverência e o medo. Bom mencionar também a transformação física de Leto, (que continua “pegável” mesmo como travesti, porque este homem não é de Deus), que está simplesmente de parabéns. Mas então, voltando a falar sobre a atuação, enquanto assiste ao filme, você simplesmente esquece que aquele é Jared Leto. É Rayon e ponto. Rayon e ninguém mais. E apenas Rayon é suficiente para fazer o coração quebrar, um sorrisinho aparecer e as lágrimas rolarem.

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E coloca lágrima nisso. Eu, que consigo contar nas mãos quantos filmes/desenhos me fizeram chorar, saí do quarto chorando mais que um bebê. Mas isso não vem ao caso.

E a segunda parte de comentários pode ser resumida apenas em: obrigada ao moço Jean-Marc Vallée (A Jovem Rainha Victoria) por ter dirigido lindamente um filme que trouxe de volta algo meio que esquecido nos filmes de Hollywood: a reflexão.

A terceira parte dos comentários mescla-se à segunda, porque é graças ao enredo que se existe a reflexão. A explosão da doença, o preconceito, o abandono e a extrema dificuldade em arranjar tratamento estão bem ali, podendo até mesmo ser tocados tão de bem executados. E são os dois lados da moeda. O lado dos que são infectados pela AIDS e os que não são. Os preconceituosos e os que sofrem preconceito. As famílias e amigos que abandonam e os que são abandonados.

A reflexão dos problemas do século passado, preconceito por sexualidade e doença e até mesmo a encruzilhada política que se divide em ajudar as pessoas e enriquecer, coisas que infelizmente se arrastam até hoje, é tão forte quanto as transformações e atuações. Um soco no estômago para alguns. E que toca de uma maneira que, simplesmente, não era esperada.

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ficha técnica

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Título original: Dallas Buyers Club
Direção: Jean-Marc Vallée
Elenco: Matthew McConaughey, Jared Leto, Jennifer Garner, Denis O’Hare, Dallas Roberts
Roteiro: Craig Borten, Melisa Wallack
Trilha sonora: Danny Elfman
Duração: 117 minutos
País: Estados Unidos da América
Gênero: Biografia, Drama
Trailer: (x)
Classificação: ★★★★★

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1 Comment

  • Reply
    Carolina Bittencourt
    26/07/2018 at 11:20 am

    Muito Bom!

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