Os persocoms são “criaturas” cybernéticas criadas pelos humanos com o intuito de satisfazerem seus desejos: desde de dilemas práticos a problemas bastante pessoais. É sobre esse plot que a trama de Chobits se desenvolve: um futuro não tão distante da nossa realidade, que traz em seu amago todas as facilidades que a “crença” no progresso científico nos oferece.
Hideki, uma das personagens centrais da trama é um jovem do interior do Japão que muda-se para a capital Tóquio, com o objetivo de estudar e se preparar para o vestibular. Diferentemente da maioria dos jovens dessa Tóquio proposta pelo CLAMP (grupo de mangakás composto por 4 autoras) Hideki não possui meios suficientes para adquirir uma persocom, o que o deixa bastante frustrado. Certo dia, ao voltar para casa ele simplesmente encontra uma persocom jogada no lixo e resolve “resgatá-la”. É\ai que outra personagem central na estória é inserida na trama, seu nome é Chi. Existe todo um ar de mistério sobre sua origem, Quem a abandonara? Por que a abandonaram? Vemos aí o início de uma relação que ultrapassa do binômio técnica x tecnologia.
Até aí nada de novo se não fosse o fato de existirem algumas lendas urbanas a respeito das persocoms. As Chobits seriam supostamente “máquinas” projetadas para possuírem inteligência artificial e desenvolverem por si só emoções e sentimentos, chegando a um nível de proximidade com os humanos quase igualitário. Seriam as Chobits realmente reais ou não passam de um boato de “interwebs”, uma lenda urbana? Seria possível a existência das mesmas? São essas as perguntas que são levantadas logo no início da trama.
O mangá centra-se principalmente na discussão à cerca da relação entre humanos x máquinas, propondo um mundo onde a simbiose entre sistemas orgânicos e sistemas tecnológicos chega a um nível absurdo: cada vez mais os humanos param de se relacionar entre si e passam a interagir socialmente com suas/seus persocoms, tendo em vista a facilidade dessa relação pois é possível programar a personalidade dessas “criaturas” seguindo o critério de gosto do dono desse “objeto”. Fora outros dilemas de espectro existenciais e sociais que estão presentes na obra, tais como, a objetificação dos corpos (lembrando que as persocoms são quase que exclusivamente modelos femininos), a impessoalidade das interações sociais mais simples e até que ponto o progresso interfere na vida dos indivíduos.
O mangá bebe nas fontes da Sci-fi juntando em seu enredo todos os “clichês” das comédias românticas, o que garante sempre uma sensação “bipolar” sobre os acontecimentos. A pergunta que vem à tona é: em meio a esse universo de impessoalidades é possível se sentir empatia e amor por outros humanos?
Mas o peso dessas questões são amenizados por toda a sutileza dos traços leves que permeiam toda a obra, assim como pelas situações que Hideki e sua turma passam no desenvolver da estória. O Hideki é muito caricato, um jovem adolescente que tem problemas em interagir com mulheres (e é rodeado pelas mesmas), já a Chi por mais máquina que seja, desde o primeiro momento em que é ligada, nos mostra um excesso de humanidade que já foi esquecida por alguns “homo sapiens”.
Chobits foi publicado em 2005, pela Editora JBC, em formato “meio-tankobon” (formatinho menor: 12 x 18 cm) em 16 volumes. A reedição também esta sob a responsabilidade da JBC, que dessa vez traz o mangá em uma versão “tankobon” (um formato um pouco maior: 13,5 x 20,5 cm), em papel offset e em menos volumes: apenas 8. É um mangá que merece ser acompanhado, tamanho a sua singularidade. Está ai uma oportunidade para quem não conseguiu completar a coleção e muito mais para quem ainda não conhece, de conhecer. Você encontra facilmente nas bancas e em casas especializadas.
informações
Título: Chobits
Autor: CLAMP
Tradutor: Arnaldo Massato Oka
Número de Páginas: 176
Edição: 2ª, 2015
ISBN: 978-85-457-0009-8
Editora: Editora JBC
Preço: R$ 16,90
Classificação:
2 Comments
Beatriz Cavalcante
27/07/2015 at 7:01 pmChobits é amorzinho. <333
Eu lembro que vi o anime um tempão atrás e desde então fiquei querendo comprar os magás. Comprei a coleção antiga mas faltava o volume um e agora que estão relançando eu estou acompanhando e comprando essa nova edição porque chobits é amorzinho. haha <3
Beijos!
Icaro Yure
27/07/2015 at 7:16 pmEntão, essa edição nova ta show de bola. E confeço a ti que Chobits me soa meio termo: na mesma proporção que é fofo é bastante triste e bizarro. Acho que é a única coisa do Clamp que eu gosto, por parecer diferente das demais obras, até os traços são diferentes.