Literatura

Caixa de Pássaros, Josh Malerman

Em Caixa de Pássaros de Josh Malerman, somos inseridos em um mundo distópico em que a sociedade a qual conhecemos já não mais existe. Malorie, nossa protagonista, juntamente com seus dois filhos, Garoto e Menina, tentam de todas as formas sobreviver em um mundo onde poucos tem o mesmo destino.

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O mundo é invadido por “criaturas” que ao serem vistas levam as pessoas a cometerem atos de loucura extrema chegando a praticar homicídios e até suicídios. Malorie vive o momento entre a transição de um mundo a outro peculiarmente perigoso. O livro basicamente é uma narrativa sobre a “diáspora” de Malorie e seus filhos em busca de um lugar que ainda possa passar a sensação de segurança e estabilidade. Sobre uma mãe que está em constante processo de auto avaliação sobre a relação entre ela e seus filhos, como também sobre a relação entre um “mundo novo” e códigos morais que já não mais se encaixam em alguns processos sociais. É sobre esperança, em algum sentido fé e tristeza.

Estruturalmente a trama se desenvolve a partir de 3 linhas narrativas: presente, passado e algo que poderia ser classificado como um “durante”. A estória centra-se pura e simplesmente na questão da sobrevivência. Chega até ser um motivo clichê (o mundo está acabando e as pessoas tornam-se amorais e utilitaristas), mas Malerman consegue construir uma trama coesa, com elementos que soam muitas vezes enquanto grandes metáforas.

Se pararmos para pensar que as pessoas negam a visão enquanto um sentido positivo e passam a viver em um mundo de escuridão, seja com os olhos vendados ou com as janelas cobertas, enquanto as criaturas, que por motivos óbvios não podem ser descritas (quem as vê… morre!), soam muitas vezes como a onipresença de um mal que não pode ser substancializado, visto que não há uma forma específica para essas criaturas. A luz aqui acaba tomando um sentindo negativo, onde não mais é associada diretamente com o bem. E imaginem só viver em um mundo pleno de escuridão, onde as pessoas agem das formas mais extremas para sobreviver, onde instintos e valores morais não mais se distinguem, mas se misturam em um nível de paranoia e morte eminente. Esses elementos são quase que recorrentes em todo o desenvolvimento da obra.

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Outro ponto bastante interessante em Caixa de Pássaros, que para muitos foi um ponto negativo, é que Josh Malerman não se preocupa em dar grandes explicações sobre a gênese dessas criaturas, como também escolhe um desfecho que para além de respostas, deixa uma série de pontas soltas possibilitando assim algumas divagações por parte do leitor à cerca dos possíveis desfechos da trama. O que fica evidente é que para o autor os contrastes emocionais e morais, vividos tanto por Malorie quanto por outros personagens que vão surgindo no desenrolar do enredo são os elementos de grande relevância para o entendimento da proposta de Caixa de Pássaros. Eles são postos em primeiríssimo plano, às vezes de forma bastante enfática e repetitiva. Aliando isso a uma narrativa simples e dinâmica, temos uma boa obra. São 272 páginas que fluem com bastante facilidade. Eu o classificaria enquanto um bom thriller com alguns elementos de horror. Caso haja a curiosidade de se saber o que anda sendo produzido no gênero, Caixa de Pássaros é um ótimo passatempo.

informações

Cortesia da editora para resenha.
Título: Caixa de Pássaros
Autor: Josh Malerman
Tradução: Carolina Selvatici
Número de Páginas: 272
Edição: 2016
ISBN: 978- 85- 8057-652- 8
Editora: Intríseca
Preço: R$ 29,90 (Compre com desconto aqui)
Classificação: ★★★½☆

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