Textos

A geração dos ativistas-acadêmicos

Por Jully e Jovana

Li por aí (não vou mencionar o texto, sabe como é) um texto que falava sobre como as universidades de hoje não preparam mais os alunos para ler os clássicos. E sim para ir às ruas protestar. Em um sentido ruim.

Uma universidade americana fez uma lista com vários livros atuais para os seus acadêmicos lerem nas férias de verão, e o texto reclamava do fato de que não ensinavam os alunos a compreenderem o mundo através dos clássicos mas sim tinham o objetivo de moldar ativistas.

E aí vai a minha resposta: clássicos são ótimos, mas nós não podemos mudar o passado. Existem coisas de clássicos (preconceitos específicos e escravidão e outras coisas) que não são atuais. De que adianta um jovem saber sobre a Revolução Americana, Revolução Francesa, sobre a escravidão, se ele não sabe (ou ignora) sobre a morte de milhões de negros nos Estados Unidos nos dias atuais, de milhares de mulheres, gays, trans, e dos problemas de hoje em dia?

Talvez aí esteja a utilidade deles. Os clássicos podem pertencer a contextos que revelem muito sobre a nossa situação social atual, o que pode e vai expandir nossas visões sobre a tão grandiosa e tão imunda máquina da sociedade. O passado deve servir ao presente, não o contrário. E de que adianta um futuro em que ainda estamos olhando para os séculos anteriores e não para o ser humano à nossa frente, oprimido, ferido, mutilado em toda a alma?

books-wallpaper

Clássicos têm SIM seu valor – mas não é por eles terem valor que devemos desvalorizar os livros atuais, que falam sobre os preconceitos e o que vivemos e vemos atualmente, sobre autores que ainda estão vivos, que são surpreendentemente mais fáceis de ler (não é porque são mais fáceis de ler que eles devem ser desvalorizados, ou o contrário), e que nos deixam com vontade de mudar o mundo. Porque afinal de contas, o mais importante de tudo é ter jovens lendo, não é?

Deixar um jovem escolher se sensibilizar sobre o que acontece no mundo e com os outros (empatia, sabe?) é algo importante em uma faculdade – tanto que a maioria das universidades e faculdades possuem projetos sociais, para ajudar comunidades.

O que significa que a geração dos acadêmicos atuais é muito diferente dos acadêmicos de antigamente – que apenas se preocupava em estudar e conseguir um emprego. Hoje em dia, com a internet, com livros, com várias organizações sociais e com um mundo mais conectado – tanto no sentido de ser mais fácil conversar com as pessoas, tanto no sentido de ser mais fácil perceber quem pode precisar de ajuda -, é impossível que nossa geração não seja mais preocupada com o outro. Mais preocupada com o ativismo social. Mais preocupada em seu bem estar, e o bem estar de sua comunidade no geral.

5-Reprodução1

E o problema com isso? Ah, bem, não sabemos onde está, afinal pode-se perfeitamente devorar um bom livro, quem sabe a própria Ilíada, e ocupar a rua com gritos de revolução.

You Might Also Like

No Comments

Leave a Reply